ESPIRITUALIDADE E VIDA FAMILIAR.

casal Hermelinda e Arturo narrando seu testemunho de vida

O testemunho do casal Hermelinda e Arturo

Boa noite a todos irmãos e irmãs em Cristo, Inicialmente queremos agradecer o amável convite da Irmã Tatiana O. Vieira, do Instituto Apóstolas da Sagrada Família, que atende às famílias, para que falássemos um pouco da nossa vivência como casal e como família. Ficamos muito honrados, mas também receosos por tamanha responsabilidade. Mas confiantes que DEUS está sempre conosco, aceitamos sem titubear.

Somos Hermelinda e Arturo, casados há 48 anos, três filhos, uma nora, um genro, uma neta, e mais dois netos a caminho. Participamos há 26 anos de um movimento de espiritualidade conjugal, e isso nos tem ajudado bastante em nossa caminhada espiritual.

O tema que vamos conversar com vocês é ESPIRITUALIDADE E VIDA FAMILIAR. A palavra Espiritualidade é um problema: Para alguns é uma fuga da realidade, para outros “muito ocupados”, uma perda de tempo, e há os que pensam ser uma ciência da oração e virtude.

Vamos buscar a origem: Espiritualidade é uma palavra que em grego significa “pneuma” que ésopro, vento, presença, pneumático quer dizer do que estou cheio, o que me suporta; em hebraico significa “roar” que é vento, ar, hálito vital, força que dá vida, energia vital e no latim é spiritus”que significa respiração, sopro, coragem, força.

Dom Pedro Casaldáliga dizia:  “Espiritualidade é o profundo e dinâmico de seu próprio ser: suas motivações maiores e últimas, seu ideal, sua utopia, sua paixão, a mística pela qual vive e luta e com a qual contagia…“Toda pessoa está animada por uma espiritualidade ou por outra,porque todo ser humano, cristão ou não, religioso ou não, é um ser fundamentalmente espiritual”. (Nossa Espiritualidade, 2000)

E não é a mesma para todos. Padre Caffarel, fundador do nosso Movimento, afirmava: “Há uma só santidade à qual todos são chamados. Mas espiritualidades? Há vários tipos de espiritualidade cada uma com suas características próprias. Sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos solteiros e casados, cada qual deve encontrar seu caminho na busca de DEUS, sua forma de com Ele se relacionar”.

O casal é o fundamento sólido da família. É importante, pois, assegurar a consolidação deste amor conjugal. A força que move o cristão casado é a Espiritualidade Conjugal. E longe de buscar os meios para fugir do mundo, esforça-se para servir à DEUS no lugar por Ele designado.

A Espiritualidade Conjugal é a ciência e a arte de se santificar no e pelo matrimônio. Quando falamos em santidade, a palavra nos assusta, pois pensamos em santos, em sacrifícios, etc, e achamos que estamos distantes disso, porém aprendemos que a santidade não é impossível, ao contrário, está ao nosso alcance, onde estivermos no nosso dia a dia, quando buscamos fazer com prazer a vontade do Pai.

O casal dará testemunho de DEUS se for a união de dois buscadores de DEUS, cuja inteligência e coração são ávidos de conhecer, de encontrar DEUS. Serão dois apaixonados por DEUS, e encontrar no mundo atual, um casal assim, é uma manifestação de DEUS!

E é um verdadeiro espetáculo! O casal que se ama anuncia através da sua própria vida esta mensagem do amor divino. Mas precisamos nos abrir ao Espírito para em meio a tanta agitação, complicações, situações contraditórias e muitas vezes desconcertantes do nosso dia a dia, entender a vontade de DEUS para nós. Não podemos esperar que o Espírito nos mande um e-mail ou um WhatsApp nos dizendo o que fazer no dia a dia e nas dificuldades…

Como escutar DEUS?

Só mediante a é que podemos ouvir o Espírito, como nos alerta São Paulo em 1Cor 2,14: “O homem com sua própria inteligência não capta as coisas do Espírito”. É indispensável pedir o dom absolutamente gratuito da fé para vencer as dificuldades e tudo o que parece impossível. Então Cristo nos concede a “força do alto”.

É necessária uma “parada”, fazer “um silêncio” no nosso dia a dia, sabemos que é difícil, mas não impossível, basta apenas nos exercitarmos e atingiremos este recolhimento e, o mais importante, contamos com a graça divina.

E como DEUS poderia nos recusar esta graça? É o que Ele mais quer: a nossa abertura para que o diálogo entre Pai e filho aconteça. Estes encontros com o Senhor são vitais para nossa saúde espiritual. Assim como alimentamos nosso corpo, necessitamos alimentar nosso espírito, para que a nossa fé não permaneça infantil, ou pior, que definhe…

Todos os dias fazemos juntos a Escuta da Palavra, a Meditação, e finalizamos com uma Oração conjugal, na qual abrimos diante do Senhor, o que está mais profundo em nossos corações, e que talvez em outras ocasiões tivéssemos vergonha de falar.

Também definimos uma meta para vencermos os desafios diários. O que nos enche de esperança, pois temos um ao outro, e principalmente sentimos que DEUS está conosco. Este momento é riquíssimo! Quando a família está presente também participa.

Fazemos, ao menos uma vez ao mês, um diálogo conjugal na presença do Senhor, indispensável para o casal, onde sem máscaras falamos abertamente o que nos aflige, principalmente em relação ao outro. Confessamos que algumas vezes foi muito difícil, mas perseveramos, e hoje este diálogo é fundamental para a saúde e firmeza espiritual do casal.

Precisamos aprender a ouvir e interpretar os sinais de DEUS em nossa vida. Ele já está lá nos esperando! É preciso acolhê-Lo, morar com Ele, encontrá-Lo nos pequenos fatos do dia a dia, vê-Lo no próximo, levá-Lo à companhia dos que Dele se afastaram, deixar que Ele nos cuide e nos ame, nos encorajando nos momentos difíceis e nunca nos abandonando.

Quando nos conhecemos e casamos não tínhamos o sentimento de que o lado espiritual do nosso amor e de nosso casamento tinha tal importância. E descobrimos isto após 22 anos de matrimônio ao entramos para o Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

Este Movimento nos proporciona uma evangelização contínua, e através de Temas de Estudo, formações, retiros, peregrinações, encontros, etc. nos ajuda a refletir “qual o pensamento de DEUS sobre o amor, sobre a paternidade e a maternidade, a sexualidade, a educação, enfim sobre todas as grandes realidades do lar e como fazer para que tudo isto reverbere a luz de Cristo?”.

O Movimento nos ensina a viver, a exercitar a fidelidade, o perdão, a reconciliação, a convivência na paz, o diálogo, o respeito, e o espírito de doação de um para com o outro.

Descobrimos também que de acordo com nossa vocação e espiritualidade temos uma missão conforme o que o Padre Caffarel nos disse: “Sejam vocês os missionários desta espiritualidade conjugal que lhes dá vida”. Devemos, portanto, levar vida ao mundo que clama por ela! Esta é nossa missão: evangelizar através da nossa vocação, e o Movimento nos impulsiona para isto.

Como nos fala o Papa Francisco na Exortação Evangelii Gaudium: “Saia para evangelizar”, não precisamos ir longe, embora isto possa acontecer, mas é atuar no próprio local onde vivemos e trabalhamos. A expressão “saia” quer dizer também sair de si mesmo, das nossas comodidades, nos desinstalarmos, e assim sacudirmos o pó espiritual.

O matrimônio cristão é um chamado de DEUS, não uma tradição cultural, nem tampouco uma convenção jurídica, é, portanto, sagrado. E precisamos testemunhá-lo. Como nos diz o Papa Francisco:

“Com o testemunho e também com a palavra, as famílias falam de Jesus aos outros, transmitem a fé, despertam o desejo de DEUS e mostram a beleza do Evangelho e do estilo que nos propõe. Assim os esposos cristãos pintam o cinzento do espaço público, colorindo-o de fraternidade, sensibilidade social, defesa das pessoas frágeis, fé luminosa, esperança ativa.” (Amoris Laetitia, 184)

Entendendo a nossa missão:

– No casal: apresentar o espetáculo de uma vida conjugal feliz e santa é proclamar da forma mais convincente o amor de DEUS.

– No lar: após chegarmos ao mundo ainda continuamos num “ventre” que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes e inter-relacionando-se, e se aprende a conviver na diferença. (Evangelii Gaudium, 66).

Não existe família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, dos conflitos, é preciso sim aprender a enfrentá-los no amor e no perdão. O lar cristão é uma verdadeira “bíblia doméstica”: na qual DEUS fala através das realidades familiares, só precisamos estar atentos e escutá-Lo.

Sobre os filhos, o Padre Caffarel nos questiona: – Será que amamos verdadeiramente nossos filhos? Parece absurda esta questão, mas talvez de uma forma não consciente, pensamos nos filhos como uma prolongação nossa, e a cobrança pelo sucesso na vida é grande, a criança percebe e se frustra, pois não é amada como uma pessoa autônoma. A esta criança nada falta… exceto o essencial: um verdadeiro amor. Amar um filho é dar-se, é acolher, é responsabilizar-se, é compreendê-lo e fazer emergir sua personalidade.

Somos um casal com muitos anos de casamento, e um caminho tão longo não se faz sem obstáculos, ao lado dos dias de amor e alegrias como o nascimento dos filhos, da neta, das formaturas, dos casamentos, batizado, também vivemos dias de sofrimento, decepções e dor, como as doenças e falecimentos dos nossos pais, a doença recente do Arturo, um linfoma cerebral, chegando até a ser desenganado, porém sem nunca perder a fé e a esperança, alcançamos a graça de sua cura. E dizemos “obrigado” também por estes dias, porque é a experiência da alegria e da dor que nos permite crescer na fé.

Outra missão insubstituível do casal cristão é a fecundidade no seu sentido mais amplo que se traduz por: contribuir pela procriação responsável, e pela transmissão e abertura à vida, tanto a nascente como a terminal. Ser fecundo é também a adoção e guarda de uma criança que indica sinal de amor, restituindo a dignidade filial a quantos dela foram privados. Ser fecundo também é cuidar dos idosos, dos doentes, ou de quem necessitar.

– No mundo: hoje mais do que nunca, percebemos a necessidade imperiosa da transmissão da fé, e a evangelização começa a partir da família. A Conferência do CELAM em Aparecida e a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium nos convocam a estarmos em estado permanente de missão, e precisamos estar preparados, pois somos bombardeados a todo momento por questões que desafiam a fé, a ética e a esperança. (UEA, 42)

Portanto nossa missão, é fazer que a santidade crie raízes em pleno mundo moderno, e como uma grande família que somos, dar esperança e conforto às famílias mais feridas, fazendo crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias!

O Papa Francisco na Exortação Apostólica Amoris Laetitia 325, nos anima assim: “Não percamos a esperança por causa de nossos limites, e também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida ”.

E com o auxílio de Maria, formar uma grande ponte para o céu, pela beleza de uma comunidade que se envolve, acompanha, frutifica e festeja! Esta é a verdadeira família de DEUS!

Gratos!

Hermelinda e Arturo Zamperlini

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CC: 49086-5

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