O PASTOR E SUAS OVELHAS

Padre Juan Diego comentando o Evangelho

DOMINGO IV DA PÁSCOA – João 10, 11-18

 A imagem do Pastor era bem conhecida na cultura de Jesus. O pastor e as suas ovelhas construíam uma vida juntos, o pastor vivia em função da ovelha e, por passar tanto tempo juntos, o Pastor terminava conhecendo as suas ovelhas e estas identificavam facilmente a voz do pastor. O “Eu sou”, que aparece tantas vezes no Evangelho de João, nos remete ao “Eu sou” de Êxodo 3,4. Assim, em Jesus está presente em pessoa o mistério de Deus e só n’Ele, o Filho, podemos conhecer o rosto do Pai (14,9).

   – O Bom Pastor, O Pastor Belo. “Eu sou o bom pastor” (v.11.14). Ser pastor não é um adjetivo em Jesus, Ele não é “bom pastor”, mas “o bom pastor”. Não se compreende a realidade do pastor sem Jesus, e não se compreende Jesus sem a sua relação de ser para as suas ovelhas. Ele não é bom porque faz coisas de um pastor, mas porque n’Ele o “ser do pastor” encontra a sua máxima expressão. Por isso, ele é “O Pastor Belo”, ou seja, aquele que não só faz coisas de pastor, mas que as faz porque Ele é “O” Pastor. A medida do Pastor é Jesus.

   – O próprio do Pastor é dar a vida. “O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (v.11. Cfr. v.15.17). O ser do Pastor se desenvolve e dinamiza na medida em que ele vive para as suas ovelhas e faz tudo em função delas; de fato se o pastor não cuidar delas, estas podem morrer (Cfr. v.12). Jesus em tudo o que fez e disse gerou vida, e a máxima expressão da sua entrega foi o dom de si mesmo na cruz: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (15,13), e este amor se expressa na sua liberdade, “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo” (v.18). A vida de Jesus se sintetiza muito bem na expressão grega “hypér” (em favor de) como aparece em Mc 14,24. A cruz é a imagem mais nítida do Pastor Belo. No coração do ser humano existe o anseio profundo de plenitude e sentido. E se Jesus nos oferece Deus, o Pai, fonte de tudo o que somos e ápice da nossa vida, só Ele, então, pode nos oferecer vida.

   – Conhecidos por ele, porque amados por Ele. “Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai” (v.14-15). Dissemos que um pastor amava as suas ovelhas, porque vivia com elas, e conhecia as caraterísticas próprias de cada ovelha, suas feridas, o seu modo de atuar, o seu movimento o seus medos. Assim, para o Pastor Bom, nós não somos coisas ou objetos, mas somos amados e, portanto, aceitos. Ele conhece tudo o que há em cada um de nós (alegrias, gozos, projetos, dores, angústias, sofrimentos, doenças, história, pecados). Mas, este conhecimento tem uma medida: “assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai” (v.15). Entre o Pai e o Filho existe uma relação Paternidade-Filiação. Jesus nos conhece enquanto que “Filhos de Deus” e, é só em nossa relação com Jesus, que podemos saber que somos “filhos amados do Pai”. “Caríssimos, vede que grande amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai” (1Jo 3,1).    Neste dia, oremos pelos candidatos ao sacerdócio, para que se formem como verdadeiros pastores segundo o coração de Jesus, Bom Pastor. Oremos pelo Papa Francisco, pelos bispos e sacerdotes, religiosos e religiosas e por todos os ministros da Igreja para que sejamos verdadeira presença sacramental do amor eterno do Bom Pastor.

JUAN DIEGO ARISTIZÁBAL, PSS Sacerdote da Companhia dos Padres de São Sulpício (Sulpicianos). Bacharel em Filosofia e Teólogo pela Universidade Pontifícia Bolivariana, Medellín. Mestre em Teologia Dogmática com ênfase em Antropologia teológica pela Universidade Pontifícia Gregoriana. Doutorando em teologia dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma.

Contribua com a Domus A.S.F e ajude uma família:

Depósito no Banco do Brasil

Agência: 0339-5

CC: 49086-5

Beneficiário: Associação Apóstolas da Sagrada Família

Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?