XVIII DOMINGO COMUM – João 6, 24-35
Em continuidade com o Evangelho do domingo passado, nos é apresentada uma inquietação que será esclarecida por Jesus: a multidão vai à procura de Jesus e lhe pergunta: Rabi, quando chegaste aqui? (v.25). Assim, qual é a verdadeira inquietação do ser humano e como faz a sua busca?
1. Da superficialidade à profundidade do coração: Jesus evidência que a busca é ainda superficial: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos (v.26). E incentiva a uma busca maior: Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna (v.27). Busca que não é por algo, mas por alguém: e que o filho do homem vós dará (v.27). Jesus nos descobre como, no coração do homem, há uma busca que não pode ser saciada com respostas simples e fúteis. A uma pergunta profunda (de eternidade, de sentido, de plenitude), não pode corresponder uma resposta superficial.
2. Do fazer à adesão: Perante a oferta de Jesus, o caminho interior se deve fazer, e talvez se possa pensar que o que Jesus oferece se pode atingir como um mérito ou como um trabalho e esforço pessoal: Que devemos fazer para realizar as obras de Deus? (v.28). A resposta de Jesus eleva a pergunta, uma vez que o que Deus nos pede é o coração, e não só as nossas mãos, ou seja, uma adesão existencial e total àquele que responde aos nossos anseios mais profundos. Enfim, a fé não é fazer coisas para atingir a Deus, mas deixar-nos atingir por Ele, e as nossas obras serão expressão desta experiência.
3. Da figura à realidade: Pedem um sinal, sendo que Jesus já deu o sinal (não porque vistes sinais v.26). Se Deus alimentou seu povo no deserto, é o mesmo Deus que agora o alimenta, já não mais com o maná (O que é isto? Cfr. Ex 16,15), mas com o verdadeiro pão do céu (v.32). É justamente o que o sinal da “multiplicação” dos pães quis mostrar e eles não entenderam. Só “crendo” que Jesus vem de Deus, se poderá compreender quem é Ele e qual é a sua ação em favor dos homens (v.27). Assim, se a pergunta do ser humano é profunda (transcendente), só uma realidade transcendente pode saciá-lo. Ou seja, o nosso “coração inquieto” só descansará n’Aquele que vem de Deus para a vida do mundo (v.33).
4. Da fome de pão à fome de vida: A compreensão de quem é Jesus começa a se fazer mais evidente. Se Ele vem de Deus para a vida do mundo, é Ele então que tem a resposta: Senhor, dá-nos sempre desse pão (v.34). É como uma elevação da consciência humana que sabe que não se merece qualquer resposta perante tamanha necessidade existencial. Sem pão não se pode viver. O pão representa aquilo que se precisa para viver. Há vida se há pão. Jesus como o pão é a nossa vida: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede (v.35). É preciso todo um movimento interior, uma decisão para um acolher o dom que Ele nos oferece. Ter fome e sede expressam a apaixonada e total busca de algo que é vital e significativo. Assim, no fundo, temos sede e fome de sermos amados, e Jesus nos revela a grandeza do Amor, que dá a sua própria vida, e a eternidade do Amor, que venceu a morte. Só Ele que se doou e ressuscitou nos pode saciar.
Somos cientes da profundidade das nossas perguntas, que expressam os nossos anseios mais profundos? Aonde estamos saciando nossa fome e sede? Buscamos Jesus para “ficar satisfeitos” ou para aderirmos a Ele, pela fé?