MARTA, MARIA, JESUS E O SERVIÇO EM LC 10,38-42

Neste Evangelho teremos a oportunidade de refletir sobre a verdadeira acolhida, o amor que nos une a Deus e a verdadeira prática que nos coloca em unidade com o próximo. Tudo isso porque a narrativa de Marta, Maria e Jesus é antecedida do texto de Lc 10,25-28 que apresenta a história do bom samaritano; “E eis que um especialista da Lei se levantou e, para pôr Jesus à prova, lhe disse: “Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna”? Jesus lhe respondeu: “O que está escrito na Lei? Como é que você lê?” “ Ele respondeu: Ame o Senhor seu Deus com toda a sua força, com toda a sua mente, e ao seu próximo com a si mesmo”. Jesus disse: “Você respondeu certo. Pratique isso, e você viverá”.

Ao ouvir de Jesus a orientação, ele tenta se justificar, e pergunta para Jesus quem é o seu próximo (Cf. Lc 10,29). Este é o ponto de partida para o relato da história do bom samaritano: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó. Caiu nas mãos de assaltantes, que lhe tiraram a roupa, o espancaram e foram embora, deixando-o quase morto… Mas um certo samaritano, que estava viajando, chegou junto dele, viu e se encheu de compaixão. Aproximou-se dele e tratou suas feridas, derramando nelas óleo e vinho…” (Lc 10,30.33-34).

Este texto, Lc 10, 25-37 tem sua continuidade em, Lc 10,38-42, no qual queremos refletir. Aqui percebemos que Jesus entra num vilarejo e é acolhido por Marta em sua casa (Cf. Lc 10,38). Marta acolhe Jesus até certo momento, quando o recebe em sua casa, mas esta acolhida não é atenciosa porque ela não está disposta a lhe fazer companhia, como fez Maria, escutando-o. Marta prefere dedicar seu tempo com os afazeres domésticos.

Acolher é estar próximo, e isto, consiste também em estar disposto a ouvir o outro. É a proximidade que nos permite agir com amor porque quando nos aproximamos conhecemos a necessidade do outro (Cf. Lc 10,33-34). Nos possibilita ter a atitude do samaritano, e poder concluir como o doutor da lei que o meu próximo, é aquele que está disposto a ajudar, ou seja, “Foi aquele que deu prova de bondade para com ele” (Cf. Lc 10,37). O contrário disso pode ser distanciamento e indiferença, o que não produz os frutos que nos une a Deus e ao próximo e Jesus alerta ao Legista para que não caia neste risco, mas reproduza a atitude do samaritano “Vai e tu também faze o mesmo (Cf. Lc 10,37)”.

Acolher alguém implica fazer o que Jesus ensina o tempo todo: expressar o amor, amor este que tem seu sentido em Deus. Neste amor, Deus nos faz perceber que sempre podemos doar um pouco do nosso tempo aos outros, em qualquer circunstância. Ainda na narrativa da parábola do samaritano percebemos as interferências que nos impedem de agir mas também as atitudes de pessoas que nos inspiram a viver o amor e a unidade com o próximo, mostrando assim o verdadeiro sentido da vida.

Assim, como a atitude do Samaritano, fez Maria “tendo sentado ao lado dos pés de Jesus para escutá-lo” (Cf. Lc 10,39). Enquanto que para o Samaritano ser próximo foi cuidar da pessoa ferida (Cf. Lc 10,34), para Maria foi ter a disponibilidade em sentar-se aos pés de Jesus e ouvir sua palavra (Cf. Lc 10,39). Nas duas atitudes percebemos que estas pessoas tiram um tempo de seu dia e se dedicam à necessidade do outro, seja aquela pessoa que encontramos necessitada pelo caminho, seja quem chega à porta de casa. No texto 10,38-42 fica visível que ser escutado é também uma necessidade.

Jesus no decorrer destes fatos não fala muito, mas responde as inquietações das pessoas dando a elas respostas em forma de perguntas, e nos ensina que a disponibilidade de nosso tempo que dedicamos ao outro é um verdadeiro serviço. Por fim, o Evangelho não nos permite encerrar a reflexão sem olhar para nós mesmos e nos questionar sobre a forma que estamos agindo em nosso dia a dia. Especialmente neste tempo difícil de Pandemia, somos convidados pela Palavra a perceber onde estão nossas inquietações. Será que como o legista caímos na tentação de fingir não ver a realidade porque não estamos dispostos a abrir mão de nós mesmos?  E como Marta, incapaz de ouvir o outro e nos incomodar com aquelas pessoas que agem como Maria, que foi sensível em escutar e tirar um tempo de sua jornada para servir e escutar?

Neste período de isolamento, tenho usado minhas redes sociais para enviar uma mensagem de conforto a quem perdeu alguém próximo da Covid -19? Tenho tirado um tempo para falar com as pessoas, saber como estão, se posso ajudar em algo? Sabemos que em nossa sociedade existem muitas pessoas no grupo de risco; como tenho me oferecido para ajudar estas pessoas? Tenho ao menos perguntado a elas se precisavam de alguma ajuda?

Jesus o tempo todo ensina que o caminho do amor nos possibilita  estar em união com Ele, e isso acontece na medida que somos capazes de viver esta unidade também com o próximo. O serviço mais importante que se presta ao outro é aquele que não se cobra, nem se mede esforços, mas que é fruto do amor incondicional.

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