V DOMINGO DO TEMPO COMUM – MARCOS 1,29-39
1. Na experiência humana vivemos situações que nos levam interiormente à confusão e à contradição: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? Como o escravo suspira pela sombra, como um assalariado guarda a sua paga…” (cf. Jó7,1-2). E, logicamente, procuramos uma saída. Muitos poderiam cair no desespero, na decepção, na angústia; outros se poderiam refugiar nos vícios como “sedativos” para não enfrentar a realidade. E, nós cristãos, qual é o caminho a seguir?
2. O Evangelho de hoje ilumina esta realidade. A sogra de Simão “estava em cama, com febre” (v.30). Estar deitado é o sinal da morte, de quem é vencido, de quem não tem nenhuma esperança. Pode refletir muitas de nossas situações existenciais, nas quais a força dos problemas é maior que a nossa. Reflete o homem derrotado e sem horizontes. Mas, algo acontece. Jesus “se aproximou (dela), segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se” (v.31). Eis aí a resposta: o nosso refúgio é Jesus Cristo, que “conforta os corações despedaçados” (Salmo 146,3). Ele se aproxima: não é um Deus longe de nós, Ele se fez homem, se fez o “Deus conosco”, pode compadecer-se, não é indiferente à nossa realidade. Ele segura nossas mãos: entra em contato com as nossas realidades mais profundas e nos permite sentir o poder do seu amor redentor. Que bem faz uma mão estendida na hora da fraqueza e desânimo! Como diz o profeta Isaías, Ele carregou as nossas culpas, as suas feridas curaram as nossas. É ele quem nos sustenta. Ele nos levanta: estar em pé é o sinal da vida, da ressurreição, daquele que tendo passado pela penumbra da morte, tem vencido. Assim, Cristo nos ajuda a vencer essas situações críticas da nossa vida. A sua presença é a nossa esperança, a luz na obscuridade, a vida na morte, a liberdade na escravidão. Ele é amor que impede de sermos vencidos.
3. Mas, se vivemos esta experiência de sermos restabelecidos no amor de Cristo, devemos ser também uma presença que transmite vida a todos aqueles que estão perto de nós. Sermos uma presença significativa, uma mão estendida para levantar a quem tem perdido a alegria e o sentido de viver. Confortados por Cristo para reconfortar em Cristo. É o desafio de São Paulo “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho!” (1Cor 9,16). É um imperativo para todo cristão ser sinal da boa nova, do Amor que “conforta os corações despedaçados”. Como a sogra de Pedro que uma vez curada “começou a servir” (cf. v. 31). O serviço ao irmão é um belo sinal da passagem de Jesus pela nossa vida.