“É LÍCITO OU NÃO PAGAR IMPOSTO A CÉSAR?”

Padre Juan Diego comentando o Evangelho
DOMINGO XXIX – MATEUS 22,15-21

   “É lícito ou não pagar imposto a César?” (v.17). Se Jesus respondesse “sim”, se colocaria contra o povo, que estava sob o poder do Império Romano. E se responde “não”, estaria contra o Império, tornando-se abertamente seu inimigo. Cabe dizer, que estas duas possíveis respostas representam também tendências políticas do tempo de Jesus (contra ou a favor do Império como os zelotes, os herodianos e os fariseus).

   “E Jesus disse: ‘De quem é a figura e a inscrição desta moeda?’. Eles responderam: ‘De César’” (v.20-21a). Ora, numa cara da moeda estava o rosto do César (Tibério) com a inscrição “TIBERIVS CAESAR DIVI AVGVSTI FEXIX AVGVSTVS”, ou seja “César Augusto Tibério, filho do divino Augusto”. Então, algo assim, como dizer que Tibério é “filho de Deus”. Tudo isto, do ponto de vista da religião judia é blasfêmia e idolatria.

   Qual é resposta de Jesus? “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (v. 21). Jesus vai além da pergunta, desmascarando a hipocrisia. Não se coloca em nenhuma tendência, mas mostra a sua total orientação a Deus. O que significa isto para nós?

   1. Que sermos cristãos não nos exime de sermos autênticos cidadãos. Aliás, nós cristãos devemos ser cidadãos exemplares. Cidadãos, mas com sentido crítico de toda realidade que se oponha ao reino de Deus. Se o poder humano não é para promover a dignidade dos filhos de Deus, temos o dever de denunciar a presença do mal com a força do bem e com um compromisso concreto (o poder transformador do amor). “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Tes 1, 3).

   2. Que o poder humano não é Deus. Por isso dele não podemos esperar a salvação. Um homem, mesmo que poderoso, não pode salvar o mesmo homem. Só Deus nos pode oferecer a resposta aos nossos anseios mais profundos. Responsabilidade cidadã, sim. Mas, não dar caráter divino a quem nos governa ou dar caráter absoluto a uma corrente política. É triste ver como alguns “cristãos” têm dado caráter absoluto a uma orientação política em detrimento do Evangelho, têm feito do “César” o seu Deus, e a fé no verdadeiro Deus serve só como uma máscara para justificar a hipocrisia. “Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há deus” (Is45, 5).

   3. Enfim, que não se deve confundir Deus com César; nem ser de Deus e agir como César; não agir com critérios de César em nome de Deus; mas em tudo reconhecer a soberania de Deus. De fato, a Deus não devemos pagar “impostos”, mas devemos obediência de vida e coerência de ação. E a vida oferecida a Deus a partir da nossa liberdade nos torna ainda mais livres. Dar o coração a um poder humano nos torna escravos. “Eu sou o Senhor, não há outro” (Is 45, 6b).

JUAN DIEGO ARISTIZÁBAL, PSS Sacerdote da Companhia dos Padres de São Sulpício (Sulpicianos). Bacharel em Filosofia e Teólogo pela Universidade Pontifícia Bolivariana, Medellín. Mestre em Teologia Dogmática com ênfase em Antropologia teológica pela Universidade Pontifícia Gregoriana. Doutorando em teologia dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma.

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